Segunda-feira, 30 de janeiro de
2012
Querido Diário Macabro:
Eu já sei, você já sabe, nós já
sabemos: Desde que demos um fim em Scorpion, a única pessoa que deseja a minha
morte é a sirigaita da Márcia, ex-namorada do Ross, garota psicótica que busca
vingança pessoal.
A questão aqui é: Onde ela está?
Com certeza não foi ela quem matou
Bárbara, pelo menos não com as próprias mãos. Porque a pessoa que a atacou não
me conhece, não conhece Ross: procurava um casal de jovens loiros, talvez tenha
visto uma foto não muito nítida, e nos confundiu com eles.
Márcia errou na conjectura de que
estaríamos na primeira classe. Otária.
Mas o resultado de tudo isso foi: Ross
está com mania de super proteção outra vez, e quer que eu volte para Fatalville
imediatamente.
Eu teria todo o prazer, mas só se
pudesse arrastá-lo comigo. Mas o teimoso disse que vai ficar, e já estou por
aqui com essa discussão.
- Então, a partir de agora, você não
sai do prédio da base. – Decretou meu namorado ditador. – Ouviu bem, Stacy? É
muito arriscado.
- Porque não compra uma gaiola e me
prende nela, Ross? – Perguntei, irritada. – Ou usa uma das celas?
Ele devolveu meu olhar gélido.
- Pare, ok? Vai começar com
infantilidades, agora?
- Ah, você tem razão! – Respondi, com
ironia. - Eu estou sendo infantil. Deveria ser como você, se achando a mistura
de Van Helsing com o cara do Matrix. Acorde, Ross Christie Scorpion... Ou Ross
C. Scorpion, pra dar mais charme?
Ross passou a mão no rosto.
- Isso não está dando certo.
Eu entendi na hora o que ele queria
dizer, e respirei fundo. Era uma coisa muito triste, mas no momento eu estava
com raiva.
- É. Não está. – eu disse, me
aproximando. – Caraca... Eu te amo tanto que chega a doer, sabia?
Ele assentiu, colocando a mão sobre o
próprio coração.
- Eu sei perfeitamente. Se dói tanto,
talvez não esteja tão certo.
A minha raiva foi diminuindo, e só
ficou a tristeza.
- Eu não... Ah, eu não sabia que ia
acabar desse jeito.
Ross desviou os olhos, e vi um brilho
de lágrimas nos olhos dele.
- Stacy... Eu sinto muito. Mas está
claro que, mesmo que a gente queira evitar, somos de mundos diferentes. Você é
uma vampira, eu sou um caçador. Achei que a gente podia dar um jeito, mas...
- Não dá. – Completei eu, com a voz
falhando. – Não dá pra continuar nessa vida de Romeu e Julieta versão terror.
Eu sei, Ross. Acho que a gente sabia o tempo todo... Desde aquele dia em que eu
mordi você, nós sabíamos.
Ele me encarou de novo, e passou a mão
pelo pescoço, lembrando. Demorou um pouco para falar.
- Sabe, não foi tão horrível pra
mim...
- Foi ótimo pra mim. – Eu disse, antes
de captar o que ele queria dizer.
Ele se aproximou de mim e me beijou,
deixei que ele me abraçasse, para fingir um pouco que tudo ia se resolver e
ficar bem.
Quando ele ergueu o pescoço em um
gesto de conformismo, não me contive: meus dentes se alongaram, ansiando por
perfurar a carne.
Eu não ia transformá-lo.
Era mais uma despedida...
Mas fomos interrompidos quando três
dos homens da Liga entraram na sala de reuniões, e ficaram horrorizados com
aquela cena.
Eles... Eles perguntaram para Ross se
ele estava bem e apontaram armas para mim.
Ross ficou furioso com aquilo, e eu
saí, limpando o sangue na manga da blusa.
Já arrumei minhas coisas e, uma
mochila, e não sei bem o que fazer agora.
Pretendo pular a janela do quarto e ir
pra algum lugar isolado, um lugar onde eu não seja um monstro, nem caçadora,
mas apenas Stacy Ricce, uma “Bad Girl”, uma adolescente como qualquer outra,
escrevendo em um diário.
Está escurecendo, mas eu não me
importo.
Já perdi o meu primeiro (talvez único)
amor, não é?
Esse mundo de caçar vampiros já não me
pertence mais.
Pelo menos, não como caçadora.
CONTINUA
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