
Eles me dizem que a culpa são das
drogas, mas não é verdade. A loucura começou antes dos doces e do chá. Eu caio,
eu caio, eu caio e continuo caindo enquanto as pessoas continuam assistindo. Um
circo, uma blasfêmia.
A verdade é que, apesar dos cigarros
queimando nas minhas mãos, sou apenas uma garotinha. Eu e você, apenas
garotinhas. Somos sonhadoras incuráveis, somos ridiculamente iludidas e
brutalmente inconsequentes. Somos deprimidas e precisamos de remédios. Somos do
signo de peixes e não conseguimos encontrar o caminho de volta para casa.
O Chapeleiro – meu traficante – está
preso no tempo e agora, mesmo quando ele grita, todo mundo está chapado demais
para escutar. Ele está pagando diante da incompreensão enquanto temos overdoses
e começamos tudo de novo.
Mas isso tudo é idiotice. É idiotice
tentar ser compreendido. Nós somos todos loucos aqui. Se até um gato sabe
disso, como não percebemos? Somos uma geração de idiotas. Garotinhas idiotas e
ingênuas. Queremos atenção, queremos entender, mas estamos perdidas e não
chegamos a lugar algum.
Fazemos arte, fazemos amor, discutimos
sobre política, sexo e religião, mas não conheço ninguém da minha idade que não
esteja doente, que não esteja esgotado, que não esteja com medo. Nós achamos
que somos mais esclarecidos do que nossos pais, mas o preço disso é a
insanidade.
Meus olhos estão vermelhos, e está
amanhecendo nesse bairro perigoso – e o perigo somos nós. Eu escuto vozes e
continuo sozinha. Perdi todas as minhas seringas e não me lembro de ter bebido.
Mas estou indo para casa, e quando
chegar tudo vai ficar bem de novo. As drogas me deixarão com sono e com sede, e
quando eu acordar vai parecer que tudo não passou de um sonho. Poderei voltar a
minha rotina e fingir que está tudo bem, que foi tudo uma noite de diversão
arriscada e deliciosamente irresponsável. Vou esquecer minhas filosofias de
bêbada, e vai ser como se nada tivesse acontecido.
E então poderemos voltar ao nosso
cotidiano estável e equilibrado, aonde as maiores preocupações são pagar
boletos no banco – e não entender o sentido da vida.
Eu sou Alice. Mas vou fingir que sou
uma mulher adulta. Sei exatamente o que fazer. Está tudo bem. Vamos fazer
compras e falar de amenidades. Estamos mesmo bem. Tudo sob controle. Pelo menos até a próxima noite de sábado.
Uau!!!!!!
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